terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Chega de hipocrisia.

"É grande eu sei, pelo menos comparando com qualquer texto de 140 caracteres que andam limitando a capacidade de comunicação do ser humano, mas acho que vale a pena ler. O texto é meu mesmo. Não é de nenhuma Clarice Lispector ou Caio Fernando de Abreu, mas, por favor, leia.
Não entendo o porquê de muita gente criticar a “comoção” que foi a morte de Whitney Houston. Vamos por um momento entender como verdadeiras, todas as acusações acerca de seus vícios em substancias entorpecentes (não que eu esteja dizendo que ela não o era), aceitando isso como verdade, é natural crer que essa pessoa estava procurando a própria morte. E não tiro sua razão em pensar tal coisa, no entanto, o fato dela ser dependente química (drogada ou viciada, como queira, a expressão é de vocês) não torna sua morte menos sentida. Você pode me perguntar o porquê de se chorar a morte de uma pessoa que eu mal conhecia, não sou nenhum fã da Whitney, mas, parafraseando Cazuza, posso substituí-la por qualquer dos “meus heróis que morreram de overdose” Não cito a overdose propriamente dita. Overdose etimologicamente, overdose é uma dose em excesso, como diria sua mãe “tudo demais é veneno”, por exemplo, o próprio Cazuza, sabemos que ele morreu por complicações causadas pela AIDS, no caso dele, adquirir tal doença foi “sua overdose”. Ele fez o que não devia em excesso, e pagou por isso. Todavia, isso não apaga o brilho de suas composições.
Tal como Whitney e Cazuza, posso citar Amy Winehouse, Michael Jackson, Raul Seixas, Renato Russo, e tantos outros artistas que morreram devido às suas overdoses.
Agora me diga: Só por que em vida essa pessoa fez o que não devia em excesso (note: prejudicando apenas a si mesmo, não falo de roubar, matar ou coisa que o valha) sua morte deve ser menos sentida? Como dito anteriormente, isso apaga as belas composições e performances com as quais tais artistas nos presentearam, e presenteiam até hoje. Não choramos exatamente pela vida perdida, alias, sou da opinião que o único sentindo da vida é tentar vencer a morte. Sabemos que isso é naturalmente impossível, e por isso tentamos deixar aqui algo que faça as pessoas que continuam vivendo, um “legado” movido por um desejo de transcendência. Exemplificando: ao escrever esse texto, estou expressando o meu ponto de vista sobre esse assunto é meu presente para vocês, meu legado. A música é uma das maneiras de “transcender” e o legado dos compositores e/ou cantores. Ou seja, chora-se a morte da Whitney Houston cantora, pois em sua vida pessoal, sabemos que infelizmente ela cavou a própria cova.
Concluindo, espero que notem que esse não é um texto que compartilha da opinião “morreu virou santo” até por que sabemos que nem a Whitney e nenhuma das pessoas supracitadas foram santos em vida e muito menos merecem a canonização após esta. No entanto, dói em nossos ouvidos sabermos que nunca mais essas pobres almas nos presentearão com algo tão bonito como suas canções."
Yuri Sascha Silveira Sampaio